terça-feira, 18 de setembro de 2012

Tédio - primeira prova

Três dias passaram. Com torpor e inação do espírito. É aquilo a que se chama tédio. O tédio sente-se quando a vida é fugaz, célere, vertiginosa. Mas detém-se. Às vezes por instantes e de forma disrutiva ou anómala.

Sinto o corpo pesado, tumefato, sem vida por dentro. A astenia frena-me os movimentos, demoradamente - e o prazer abandona-me , deixo de o sentir, diante da vontade inútil de querer fazer algo sem o conseguir. Por incapacidade. Por abulia. por constrangimentos inexplicáveis. As costas queixam-se. Doem. sentem-se cansadas e tensas pelo indefinível excesso de carga que ocorreu ao longo de semanas. Estou deitado. Mas o deleite de que desfruto, neste momento, depressa se esvai. Porque, de supetão, sou fustigado por violentas e indizímeis contraturas, que me envolvem em dores horrorosas e abomináveis e que muito me afligem.

O mal, porém, nem sempre dura, como diz o prolóquio. E, neste caso, extinguiu-se com o retinir do telefone e a ansiedade de saber quem seria o interlocutor. Surge assim um novo despertar, com a auréola de um tédio promissor de permanência no tempo e no espaço. Enfim, regressa a despreocupação, a tranquilidade, o conforto, o bem-estar!...

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