Três dias
passaram. Com torpor e inação do espírito. É aquilo a que se chama tédio. O
tédio sente-se quando a vida é fugaz, célere, vertiginosa. Mas detém-se. Às
vezes por instantes e de forma disrutiva ou anómala.
Sinto o corpo pesado, tumefato, sem vida por
dentro. A astenia frena-me os movimentos, demoradamente - e o prazer abandona-me
, deixo de o sentir, diante da vontade inútil de querer fazer algo sem o
conseguir. Por incapacidade. Por abulia. por constrangimentos inexplicáveis. As
costas queixam-se. Doem. sentem-se cansadas e tensas pelo indefinível excesso de
carga que ocorreu ao longo de semanas. Estou deitado. Mas o deleite de que
desfruto, neste momento, depressa se esvai. Porque, de supetão, sou fustigado
por violentas e indizímeis contraturas, que me envolvem em dores horrorosas e
abomináveis e que muito me afligem.
O mal, porém, nem sempre dura, como diz o
prolóquio. E, neste caso, extinguiu-se com o retinir do telefone e a ansiedade
de saber quem seria o interlocutor. Surge assim um novo despertar, com a auréola
de um tédio promissor de permanência no tempo e no espaço. Enfim, regressa a
despreocupação, a tranquilidade, o conforto, o bem-estar!...
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