Passeio na praia. Os pés em contato com a areia. A areia
pisada pelos pés torna-se moldada. A marca dos pés impregnados na areia. Olhando
para trás distingo o percurso efetuado. Até onde a visão o permite. A passagem
marcada na areia ondulante.
Deito-me próximo das dunas. As dunas lambidas pelo mar na
noite passada. Fora uma noite em que os ventos do norte arrastaram o mar com
força pela areia da praia primeiro. Depois contra as dunas.
Uma imensidão de lixo
regurgitado pelo mar é agora traço dominante da vasta paisagem. Deitado oiço o
mar tranquilo. Uma maré vazia de tudo. Fecho os olhos em direção ao sol tímido
de início do dia. Uma sensação agradável física e espiritual domina-me por
completo impondo-se ao meu quadrado.
O meu quadrado sou eu e os outros. Sou eu em contato com os
outros. No meio da minha viagem. Uma viagem sinuosa. Um caminho ondulante como
aquele que fica marcado na areia da praia. Por ser sinuoso o caminho da minha
viagem exige empenho, energia e coragem.
A nossa viagem
fortalece-nos. Somos o fruto da reação que tivemos frente a situações limite.
Situações limite como as dunas estáticas absorvendo o impacto das ondas ferozes
numa colisão de ruído. O quadro sou eu e uma alegria imensa. Eu, o meu quadrado
e os outros.
Juan Perez Gonzalez
Diário - 2,
07 de Outubro de 2012
Estela, Póvoa do Varzim
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