quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Palavra



 

Três da tarde,

Dia de chuva,

Fora preciso a trovoada chegar

Para acordar a

Palavra

Que julgava

Morta,

Esqueceste-te de ser útil?

Palavra,

Para que serves

Então,

Se nem usada podes ser,

Julgava-te livre

Do teu dono,

Essa vítima

Da resina

Do inconsciente

Que lhe colou a mente e travou

A língua.
 
 
 
 
Juan Pérez González,
 
Vila Nova de Gaia
 
23 de Janeiro de 2013

domingo, 20 de janeiro de 2013

Horas, minutos, segundos


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Horas, minutos, segundos

Passam ora devagar, ora depressa,

Pelas vidas que respiram

O ar cada vez mais rarefeito da atmosfera,

Estes seres pequenos, que ficam para contar a história

Deste mundo volátil como os raios de fogo

Emanados pelo sol todo poderoso.

 

Horas, minutos, segundos

Contam a partir dos que foram

E não voltam.

 

Chovem horas, minutos, segundos

Enquanto o sol brilha no céu,

Por vezes azul, outras vezes cinzento,

Tal como as vidas se libertam ou aprisionam

De ilusões desmedidas, nevoeiros

Que distorcem a beleza da vida simples,

Das gotas de água que escorrem

Das janelas das casas frias,

Enquanto no interior,

Mantas, polares, lareiras acesas,

Refúgios deste lá fora,

Deste cansaço,

Desta contagem,

Deste fogo que arde mas não queima.

 

É este fogo culpado que nos perdoa,

Que nos iliba, pecadores que fomos, somos, seremos.

 

Hábitos, hábitos, hábitos, hábitos, hábitos, malditos

Cigarros, cafés, hidratos, rotinas, abstenções,

Silêncios,

Culpados meus caros inocentes.

 

Horas, minutos, segundos,

Que já foram,

Este presente que existe sem o podermos alcançar,

prender, tocar,

Viver.

 

Quantas mais horas, minutos, segundos?

Mais um recomeço,

Com os mesmos hábitos

Que seguram esta estranha colisão

De equilíbrios

Virtuais,

Como velas acesas

Ao vento,

De noites desertas.
 
Juan Pérez Gonzalez,
Vila nova de Gaia,
 
20 de janeiro de 2013