Por agora, os bombos calam os silêncios e as angustias
Que sopram de dentro para fora, como lobos famintos uivando
Ainda distantes do topo da colina, por trilhos que vão desaguar
Na alvorada fria deste primeiro dia de primavera.
Encosta a baixo, o último pastor à moda de antigamente,
Carrega o seu rebanho, as suas botas pesadas e cansadas e a
Sua desesperança, rumo às pastagens verdejantes onde beberá
Do seu vinho para homens de pelo na benta e mais um naco de pão
duro,
Sobrevivência,
Passagem ao ritmo dos chocalhos.
quente e prometedor
Aguça o meu apetite,todavia os lobos ainda não encontraram
alimento,
Desejosos de cheiro a sangue, recolhem-se em espasmos,
O rebanho pastou demoradamente sobre o repouso do pastor
Que entregara o testemunho ao seu fiel amigo Dick. Os bombos
Calam-se alimentando a minha solidão.
Pálido, revejo-me ao espelho,
O sonho morreu face à agua fria depositada no rosto,
Fico mais um segundo, debato-me com este vestígio sobre a
Forma de uma questão, Morrerias pelo que vives? Morreria?
E o pastor, e o Dick, e os Lobos? E a Alvorada…Os da minha
Imaginação e os reais.
Vila Nova de Gaia,
21 de Março de 2013
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