Paro, escuto, oiço um pim pim, é a força interior
Que não reconhece limites
Mesmo se o dia já vai longo.
A voz permanece de veludo
Mesmo se houver dor,
Mesmo se os desejos forem adiados para amanhã.
E o desejo era o simples por de sol, revestido de verdade e
de fantasia
Que quem sabe lavasse o pecado capital
Suspenso na chama que se apaga lentamente,
Enquanto o sol se esconde envergonhado mas sereno, melancólico,
Brilhando cada vez mais forte do outro lado do mundo.
E a intermitência do desejo permanece predestinada
Ao vai e vem.
Paro, olho, e faço de conta que te conheço,
Mas não és como eu te vejo,
És muito mais do que um abraço,
És o melhor dos lados. És o branco quando só vejo preto.
E o cansaço é apenas uma condição que se dissolve sobre a força
Que vem de dentro, poderosa, estridente, feia, suada,
Capaz de mover os nossos corpos asténicos
Sem que os músculos se colapsem em Caimbras.
Adiam-se desejos, que se concretizam
Sobre a forma da juventude que ainda enfrento
Cara a cara,
Com a naturalidade dos sonhos
Que temos nos lugares onde sabemos que queremos estar,
Quer estejamos em cima ou em baixo
Dos detalhes
Que compõem a vida dos distraídos.
Lembras-te? quando o vento soprava forte
E nos arrastava para longe?
O céu era escuro
E o desejo
Uma memória.
Lembra-te e depois esquece,
Hoje cumpre-se o verde das folhas das árvores
Amadurecendo ao Sol,
Baloiçando à brisa que as quer ver a dançar.
Filipe R S Cunha,
17 de Setembro de 2013
Vila Nova de Gaia,
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