quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Procurar o invisível


 
Procuramos o invisível de olhos bem abertos,

Se o conseguires ver, nem que seja por instantes

Então não é verdadeiro.

O invisível só pode ser alcançado de olhos vendados,

Recolhido no silêncio, que abafa as interjeições no caos

Do desejo de abraçar o mundo todo de uma só vez!

 

Neste confronto com o invisível, a respiração abranda sem se importar

Com o avançar das horas, sem acelerar o coração envergonhado

Que procura à sua volta sem sair do lugar.


Como os nossos corpos sós num quarto á meia luz

Desvendando o horizonte longínquo,

Enquanto pela janela semi aberta sopra a magia da brisa

Que nos toca sem desvendar a totalidade da sua força.

 

Se conseguires ver o invisível de olhos fechados,

Num quarto à meia-luz, então vais livre, vais depressa

E sem medo, longe do tempo das perguntas que apagavam

O chão e nos faziam voar sem termos asas. O abismo perde o encanto

Quando se cai a primeira vez e a perseverança no erro é a teimosia

Dos vencidos, que não ambicionam reconhecer

A luz que se esconde por detrás das trevas.

 

Não se perde a esperança,

Quando este é o tempo

Que nos molda os dedos aos anéis  

Que partilhamos

Na descoberta do invisível.

 
Filipe R S Cunha,
26 de Setembro de 2013,
 
Vila Nova de Gaia

 

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