Horas, minutos, segundos
Passam ora devagar, ora depressa,
Pelas vidas que respiram
O ar cada vez mais rarefeito da atmosfera,
Estes seres pequenos, que ficam para contar a história
Deste mundo volátil como os raios de fogo
Emanados pelo sol todo poderoso.
Horas, minutos, segundos
Contam a partir dos que foram
E não voltam.
Chovem horas, minutos, segundos
Enquanto o sol brilha no céu,
Por vezes azul, outras vezes cinzento,
Tal como as vidas se libertam ou aprisionam
De ilusões desmedidas, nevoeiros
Que distorcem a beleza da vida simples,
Das gotas de água que escorrem
Das janelas das casas frias,
Enquanto no interior,
Mantas, polares, lareiras acesas,
Refúgios deste lá fora,
Deste cansaço,
Desta contagem,
Deste fogo que arde mas não queima.
É este fogo culpado que nos perdoa,
Que nos iliba, pecadores que fomos, somos, seremos.
Hábitos, hábitos, hábitos, hábitos, hábitos, malditos
Cigarros, cafés, hidratos, rotinas, abstenções,
Silêncios,
Culpados meus caros inocentes.
Horas, minutos, segundos,
Que já foram,
Este presente que existe sem o podermos alcançar,
prender, tocar,
Viver.
Quantas mais horas, minutos, segundos?
Mais um recomeço,
Com os mesmos hábitos
Que seguram esta estranha colisão
De equilíbrios
Virtuais,
Como velas acesas
Ao vento,
De noites desertas.
Juan Pérez Gonzalez,
Vila nova de Gaia,
20 de janeiro de 2013