O som da música era o mel
que te iluminava o rosto
Mas a tua alma enlouqueceu.
Mas, cuidado,
Um movimento vibratório deu
vida às cordas vocais,
Incendiou a garganta
Vermelha e revolveu o estado
catatónico
Do teu ser
Enquanto a acidez gástrica
desfazia a garganta.
As tuas mãos, frias,
seguravam com firmeza o vazio que te congelava os ossos
E te repunha as emoções num
estado de requinte longínquo.
A exposição demorada ao gelo
desfaz as carnes e estala os ossos
Por isso as partículas que
te envolvem em tédio
Afastam-te o vazio para
longe.
É melhor um bom tédio que um
mau vazio.
Embora permaneças quieta,
entorpecida e neutralizada
Deixas de lutar contra o
atrito do pensamento obsessivo
E deslizas sobre o ar quente
deste pôr de sol.
E por instantes, a magia
consuma-se
Quando tudo deixa de resultar,
Pois, a mentira derrete-se
na fronteira
Entre o inferno e o abismo
em que a verdade é a própria mentira.
Espera, escuta…começou a
chover,
Corres em direção à chuva,
A abundância de água envolve
o teu rosto emagrecido
Correndo como um rio sobre o
leito
Das tuas rugas.
Encharcaste a roupa toda,
As gotas, uma após outra,
meigas e quentes,
Lavaram-te a face,
O cheiro a terra molhada
alivia-te a náusea superficial
E lá ao fundo o relâmpago,
poderoso, alivia o seu poder
Excessivo, gastando-se na
totalidade enquanto ilumina
A noite de forma temível.
Fechas os olhos. Sorris. Encolhes os ombros
E respiras fundo esta
essência perfeita.
O raio do relâmpago, uma
seta de fogo e medo,
O medo que te fez vibrar.
Terá o medo um papel
importante
Na equação da tua vida? É
que não quero que sejas uma constante
Onde o fim é um ponto de
exclamação
Nobre demais para se
esquecer a liberdade.
07 de Setembro de 2013,
Filipe Ricardo Silva Cunha,
Vila Nova de Gaia
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