Quase que não tenho tempo, para que neste cubo magico, rotativo, tudo possa fazer sentido,
O tempo escorre por entre os dedos
feitos desta carne,
Desta matéria que dia após dia deixa de ser a mesma, deixa
de me
Pertencer. Visto-me com
Pertencer. Visto-me com
Pele,
Que lavo todas as manhas no duche de água quente, no final,
sacudo
As células mortas,
As células mortas,
Exaustas, de esconderem a minha vergonha. E logo outras células,
Outra pele, copia das
Outra pele, copia das
Anteriores, embora menos encantadoras, substituem o lugar
das
Antigas.
Antigas.
Todos os dias são assim, preso a um cubo de tempo,
multi
Dimensional,
Dimensional,
Onde guardo as maravilhas de um tempo incerto que registo
com
Dificuldade. Um tempo, uma
Dificuldade. Um tempo, uma
Vida e um cubo. Nele, estão presentes as minhas memorias, os
Momentos mais marcantes da
Momentos mais marcantes da
Minha existência, por agora pontual. No cubo, outros
elementos por
Decifrar são o que me
Decifrar são o que me
Resta viver. Um vazio vai tomando conta de tudo, sobretudo
do
Passado, amordaçado por
Passado, amordaçado por
Uma força monstruosa
que me impele a seguir em frente.
Num futuro mais ou menos distante, a regeneração será um
cabo do
medo que se vencerá
medo que se vencerá
Com muita
Dificuldade. Quando a partitura da música da vida se quebrar,
o cubo
Será apenas um
Será apenas um
Quadrado,
Onde a memoria, subjugada às
Lesões e a outros maus tratos sobreviverá,
por conta de uns poucos
Neurónios guerreiros
Neurónios guerreiros
Mas fragilizados, cansados, feridos,
Desmielinizados, perderá um pouco da sua importância, por
enquanto
Exagerada. O corpo ágil,
Exagerada. O corpo ágil,
Tonificado e almofadado perderá o seu fulgor, mas nunca a
sua
Beleza, nunca
Beleza, nunca
O seu encanto de mortalidade. O mistério da incerteza permanecerá
Até ao último suspiro, até
Até ao último suspiro, até
Ao momento da libertação deste cubo, que com sorte será um
Quadrado E depois um suspiro
Quadrado E depois um suspiro
Cósmico
De 21 gramas, no culminar de uma equação matemática em que na
Realidade tudo se resume às
Realidade tudo se resume às
21 Gramas que nos dominam, que nos controlam e que a partir do
Nosso egoísmo humano
Nosso egoísmo humano
Ignoramos completamente.
18 de Março de 2013,
Vila Nova de Gaia
Sem comentários:
Enviar um comentário