segunda-feira, 18 de março de 2013

O cubo, o quadrado e o tempo



Quase que não tenho tempo, para que neste cubo magico, rotativo, tudo possa fazer sentido, 
O tempo escorre por entre os dedos feitos desta carne,

Desta matéria que dia após dia deixa de ser a mesma, deixa de me

Pertencer. Visto-me com

Pele,

Que lavo todas as manhas no duche de água quente, no final, sacudo

As células mortas,

Exaustas, de esconderem a minha vergonha. E logo outras células,

Outra pele, copia das

Anteriores, embora menos encantadoras, substituem o lugar das

Antigas.

Todos os dias são assim, preso a um cubo de tempo, multi

Dimensional,

Onde guardo as maravilhas de um tempo incerto que registo com

Dificuldade. Um tempo, uma

Vida e um cubo. Nele, estão presentes as minhas memorias, os

Momentos mais marcantes da

Minha existência, por agora pontual. No cubo, outros elementos por

Decifrar são o que me

Resta viver. Um vazio vai tomando conta de tudo, sobretudo do

Passado, amordaçado por

Uma força monstruosa que me impele a seguir em frente.

Num futuro mais ou menos distante, a regeneração será um cabo do

medo que se vencerá

Com muita

Dificuldade. Quando a partitura da música da vida se quebrar, o cubo

Será apenas um

Quadrado,

Onde a memoria, subjugada às

Lesões e a outros maus tratos sobreviverá, por conta de uns poucos

Neurónios guerreiros

Mas fragilizados, cansados, feridos,

Desmielinizados, perderá um pouco da sua importância, por enquanto

Exagerada. O corpo ágil,

Tonificado e almofadado perderá o seu fulgor, mas nunca a sua

Beleza, nunca

O seu encanto de mortalidade. O mistério da incerteza  permanecerá

Até ao último suspiro, até

Ao momento da libertação deste cubo, que com sorte será um

Quadrado E depois um suspiro
Cósmico 

De 21 gramas, no culminar de uma equação matemática em que na

Realidade tudo se resume às

21 Gramas que nos dominam, que nos controlam e que a partir do

Nosso egoísmo humano

Ignoramos completamente.
 
 
18 de Março de 2013,
 
Vila Nova de Gaia

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