Sobre o que circula à minha volta.
Sou o próprio universo
Pelo ar que respiro,
Pela matéria de carne, ossos e água,
Pelo sangue que me corre na identidade,
Pelo sol que me transforma.
Um horizonte que é de todos,
Mas que observo à minha maneira,
Seduzido,
Deixo de ser o mesmo.
Mas este ponto de vista nada vale,
O mundo é vasto, abundante de razões
Próprias de seres estranhos.
Perco a minha razão,
Submeto-me à emoção da ilusão efémera?
Elogio a minha diferença,
Essa segurança
De mais uma respiração não forçada,
Autónoma,
Inconsciente,
Um verdadeiro milagre que logro
E provo com prazer,
Ainda que a dúvida permaneça
De que o meu ponto de vista
Não seja a última verdade.
Fecha-se a porta lentamente,
Como se tivesse vontade própria,
A luz do exterior tenta entrar no quarto,
Acabando vencida
A luz desaparece,
Fecho os olhos cansados
Que de nada servem neste regresso
Ao paraíso do sonho.
A luz, serena, dona do tempo das coisas continua lá fora,
Deparando-se com a porta,
Esperando-me
Para mais um dia deste amor que sou eu e o convívio
Entre a minha razão e a dos outros.
Sem comentários:
Enviar um comentário