sábado, 2 de fevereiro de 2013

Sorriso


 
Solta-se afinal o sorriso de criança

Que sempre fora

Inolvidável,

Embora quantas vezes reprimido

Em pequenas porções,

Racionado,

Para subsistir ileso até ao verão seguinte.

 

Mas, agora é o sol que ocupa o trono e transforma os campos,

O sol torna-se ele próprio

Nas futuras colheitas,

Nas flores,

Nos frutos suspensos nos braços maternais das árvores,

Nas amendoeiras em flor, majestosas de paz e luz,

Nas laranjeiras e limoeiros misturados

Numa chama

Que envolve as sombras perfumadas.

 

E mesmo se chover

Será um prazer

Para os sentidos,

A melodia das gotas de água

Sopradas pelo vento a cair na natureza,

O corpo encharcado,

O cheiro a terra molhada,

A melancolia apetecida que só vive no cinzento.

 

E mesmo se houver guerra,

Que vai haver,

Haverá espaço

Para compor uma canção de vida e alegria,

Pois será sem rancor

Que carregaremos as espadas de papel

E a armadura

Castanha

Da ferrugem

Desassombrada.

 

E nada

Mudará,

O sorriso inocente

De criança,

Mesmo que amanhã

Seja

Apenas uma lembrança.

 

 
Juan Pérez Gonzalez,

 
02 De Fevereiro de 2013,

 
Vila Nova de Gaia

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