Solta-se afinal o sorriso de criança
Que sempre fora
Inolvidável,
Embora quantas vezes reprimido
Em pequenas porções,
Racionado,
Para subsistir ileso até ao verão seguinte.
Mas, agora é o sol que ocupa o trono e transforma os campos,
O sol torna-se ele próprio
Nas futuras colheitas,
Nas flores,
Nos frutos suspensos nos braços maternais das
árvores,
Nas amendoeiras em flor, majestosas de paz e luz,
Nas laranjeiras e limoeiros misturados
Numa chama
Que envolve as sombras perfumadas.
E mesmo se chover
Será um prazer
Para os sentidos,
A melodia das gotas de água
Sopradas pelo vento a cair na natureza,
O corpo encharcado,
O cheiro a terra molhada,
A melancolia apetecida que só vive no cinzento.
E mesmo se houver guerra,
Que vai haver,
Haverá espaço
Para compor uma canção de vida e alegria,
Pois será sem rancor
Que carregaremos as espadas de papel
E a armadura
Castanha
Da ferrugem
Desassombrada.
E nada
Mudará,
O sorriso inocente
De criança,
Mesmo que amanhã
Seja
Apenas uma lembrança.
Juan Pérez Gonzalez,
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