Vampiros empalidecidos, dormem,
feridos pela luz, perdidos na cidade.
Em breve, dentes afiados em punho,
Furando pescoços na intimidade
Duma abundância de sangue,
Saciando a fome e a sede, pintando
Telas humanas de vermelho vivo
por onde quer que passem.
A laceração da artéria, faz jorrar o suco
Que empalidece o corpo moribundo,
Transfusão digerida ainda na boca, com um apetite
Desesperado de quem necessita do sangue alheio.
Sangue fresco, ar quente, sono profundo,
Corpos amontoados, no descampado
Refugio dos emigrantes de 70, casa de irmãos,
Mais de 20 para um só despertador, uma só sanita,
Um só chuveiro, um só sabonete perfumado de maça.
Um Big Brother que não chegou a ocupar o espaço
Das poucas televisões ligadas á bateria.
Um grito sobressai na França tépida dessa noite,
Meses depois da corrida clandestina,
Repousada no cinema, pela primeira vez.
Um cinema real, da ignorância do povo
Fustigado na repressão do saber universal.
Um grito que era uma mosca bebericando
Uma gota de sangue no rosto do homem.
Esse homem, hoje, o meu pai.
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