Percebo no teu olhar um sorriso
Que não desiste de melhores dias,
Enquanto a saudade te aperta os vasos sanguíneos
Jorrando sangue de dentro para fora.
A felicidade, trancou-te a porta, mas
As tuas mãos de pele dura e calos gordos,
Ainda têm utilidade. A mente aberta fura o túnel
Que te liberta do beco sem saída.
Ris-te mais uma vez enquanto queimas os últimos
Cartuchos e no estômago se fermenta a seriedade
Que te permite sonhar, procurar um lugar
Onde o amor se concretize definitivamente.
Neste ponto de tempo da minha melancolia sagrada,
Sirvo-te estas palavras, velho amigo, de uma só tarde
De infância. Uma só tarde que dura até hoje. O resto é só
O tempo que nos come os ossos.
Filipe Cunha
22 de Abril de 2013,
Vila Nova de Gaia