sexta-feira, 19 de abril de 2013

Bater à porta da eternidade



Mais uma vez bato à porta da certeza
Que teima em ameaçar o equilíbrio
Da relatividade.
E do outro lado apenas silêncio.

Mais uma vez bato à porta da dúvida
Que me rouba o descanso
Em que me consumo.
E do outro lado apenas o eco.

E depois?
Nada, apenas a continuidade
Desta espera.
Um pedaço de tempo da vida que foge de si própria,
Rápida, inflexível, inexorável.

Mais uma vez bato à porta da certeza
Que me espera sob os meus pés.
Ela não me responde. Mas eu sei que ela está do outro lado,
Irónica, quente, ardente do desejo
De mais húmus.

Deixo de bater à porta,
 Agora o tempo é muito curto para esperar e longo demais
Para fazer o que quer que seja.
A expressão desaparece diante da melancolia
Deste momento.
Depois amanheceu,
Acordei,
Comi,
Tomei banho,
E vesti-me com a ilusão
Da eternidade,
Fugaz.

Filipe Cunha,

20 de Abril de 2013,
Porto

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