segunda-feira, 22 de abril de 2013

Uma tarde na infância que dura até hoje






Percebo no teu olhar um sorriso

Que não desiste de melhores dias,

Enquanto a saudade te aperta os vasos sanguíneos

Jorrando sangue de dentro para fora.

 

A felicidade, trancou-te a porta, mas

As tuas mãos de pele dura e calos gordos,

Ainda têm utilidade. A mente aberta fura o túnel

Que te liberta do beco sem saída.

 

Ris-te mais uma vez enquanto queimas os últimos

Cartuchos e no estômago se fermenta a seriedade

Que te permite sonhar, procurar um lugar

Onde o amor se concretize definitivamente.

 

Neste ponto de tempo da minha melancolia sagrada,

Sirvo-te estas palavras, velho amigo, de uma só tarde

De infância. Uma só tarde que dura até hoje. O resto é só

O tempo que nos come os ossos.
 
Filipe Cunha
22 de Abril de 2013,
Vila Nova de Gaia

 

 

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