Todos os dias uma voz superior a mim
Que me lembra que a justiça não existe,
Todos os dias um coração partido na raça humana
Por outro ser humano,
Todos os dias, a tua voz Ingrid Jonker,
Que me lembra da criança meia preta e meia branca que jaz com uma
bala na cabeça,
Todos os dias a tua voz, que não posso replicar,
bala na cabeça,
Todos os dias a tua voz, que não posso replicar,
Mas, o teu poema foi lido pelo Mandela,
Outrora preso, agora velho e doente,
Outra vez vítima, agora do cerebelo, que atrofia com a
idade,
Enquanto os políticos te comem os ossos,
Que os ratos haviam começado a roer na cadeia
De pedra e aço
Do apartheid que nos continua a envergonhar,
E já outras formas de fascismo corroem a córnea
Da sociedade com ácido sulfúrico.
Faço uma pausa, como o gomo da laranja,
Meio ácido, meio doce, a laranja dos campos do meu país,
Da produção nacional apregoada,
Enquanto, Portugal, os teus filhos auguram dias de fome,
Eu, respiro a verborreia política que me agonia,
Mas as palavras saem invisíveis da minha cabeça,
Uma mente com vida em si própria,
E as paredes deixam de ser brancas,
Com as palavras coladas
Ao ritmo
Da vida
Que habita em mim!
Filipe Cunha,
Vila Nova de Gaia
08 de maio de 2013
Filipe Cunha,
Vila Nova de Gaia
08 de maio de 2013
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