Volto atrás, na saudade que me define
Como homem, tantas vezes um menino
Que regressa à âncora da proteção materna.
Por isso voltas a guardar as nuvens cinzentas no teu regaço
Enquanto repouso as angustias que rebentam
Com um estertor ameaçador.
E novamente regressa o sorriso da lembrança,
Do teu sangue, que me corre inviolável
Enquanto as têmporas brancas e tímidas
Se vão enrugando com o charme indelével
Da compaixão,património genético
Que me consome e me revolta sempre a favor
Dos mais fracos e oprimidos.
Este corpo é o teu ADN replicado
Num homem, ainda menino, cada vez mais
Homem e cada vez mais menino.
Estas palavras voam alto, sozinhas, no céu
Da cidade que se perde alvorada fora,
Dias, semanas, até meses. Até se cansarem.
Filipe Cunha,
Vila Nova de Gaia
5 de Maio de 2013
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