domingo, 5 de maio de 2013

Poema à minha mãe






Volto atrás, na saudade que me define

Como homem, tantas vezes um menino

Que regressa à âncora da proteção materna.
 

Por isso voltas a guardar as nuvens cinzentas no teu regaço

Enquanto repouso as angustias que rebentam

Com um estertor ameaçador.
 

E novamente regressa o sorriso da lembrança,

Do teu sangue, que me corre inviolável

Enquanto as têmporas brancas e tímidas

Se vão enrugando com o charme indelével

Da compaixão,património genético

Que me consome e me revolta sempre a favor

Dos mais fracos e oprimidos.
 

Este corpo é o teu ADN replicado

Num homem, ainda menino, cada vez mais

Homem e cada vez mais menino.
 

Estas palavras voam alto, sozinhas, no céu

Da cidade que se perde alvorada fora,

Dias, semanas, até meses. Até se cansarem.
 
 
Filipe Cunha,
Vila Nova de Gaia
 
5 de Maio de 2013

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