sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

DESINCORPORADO


 
 
 
 
 
 
 
Dois minutos seguidos sem um raio de luz,

Com a janela aberta,
 
Deitado sobre a cama despida de agasalho,

Onde o meu corpo se acomoda no mais profundo jazer,

Sem qualquer pudor,

Sem qualquer memória,

Sem qualquer melancolia,

Sem qualquer prazer ou desprazer,

Sem qualquer movimento vital,

 

 

Vivo ainda

Uma ideia que resiste,

Que fortalece o lacrado do baú sustentado

Sobre o prato da balança que comanda o acto de decidir
 
Pela minha própria cabeça,

 

Viver vivendo depressa ou viver morrendo

Devagar, ao sabor,

Do autêntico Dunhill em passas pausadas,

Pensando,

Nos,

 

Dois minutos ausente,

 

Do meu corpo ,

Do meu ser,

Da minha vida, num despreendimento total,

Dos caminhos, das viagens, das decisões,

Do Norte e do Sul,

Este e Oeste,

Desincorporado,

Desalmado,

Nu.
 
 
 
Juan Pérez González,
Vila Nova de Gaia,
14 de Dezembro de 2012

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